Deixar morrer para manter a economia: necropolítica e pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14210/rbts.v8n1.p14-25

Resumo

Este artigo é resultado de uma pesquisa em andamento, de natureza qualitativa, que tem como objetivo analisar os discursos do presidente da república, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), em suas lives semanais, tendo como recorte desde o primeiro vídeo, de 27 de fevereiro de 2020, após o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, até o último do primeiro semestre, em 25 de junho de 2020. No centro da análise, estão as relações das falas do presidente com a desinformação, aproximando as práticas discursivas da necropolítica, conceito desenvolvido pelo filósofo camaronês Achille Mbembe. Ao todo, foram 15 lives analisadas com foco na pandemia e na nomeação, pelo presidente, de fake news às críticas recebidas pelos órgãos de imprensa. Com a pesquisa, considera-se que o presidente usa a expressão fake news para desqualificar as críticas recebidas, ao passo que produz sistematicamente desinformação para minimizar a pandemia. Sua posição discursiva faz com que os trabalhadores, aqueles que contribuem com a produção, sejam incluídos no devir negro, ou seja, na produção e naturalização da morte que poderia ser evitada.

Biografia do Autor

José Isaías Venera, Univille e Univali

Doutor em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), mestre em Educação e graduado em Jornalismo pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Formação na Maiêutica Florianópolis – Instituição Psicanalítica. Integrante do grupo de pesquisa Comunicação, mediação e cultura. Professor da Univille e da Univali. E-mail: j.i.venera@gmail.com

Eduardo Silva, Univille

Doutor em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade pela Universidade da Região de Joinville (Univille) e licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe). Integrante do grupo de pesquisa Comunicação, mediação e cultura. Professor da Univille e da Univali. É professor da Univille – campus São Bento do Sul. 

Integrante do grupo de pesquisa Comunicação, mediação e cultura. Professor da Univille e da Univali. 

José Roberto Severino, UFBA

Professor associado da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da cultura, atuando principalmente nas seguintes áreas do conhecimento: história, comunicação e políticas culturais. Professor da Faculdade de Comunicação e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia. É pesquisador do Centro de Estudos multidisciplinares em Cultura/CULT e do Diversitas/USP. 

Jorge Felipe Henríquez Chamorro, Univille

Aluno do curso de Publicidade e Propaganda da Univille.

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Publicado

2021-10-23