O ANTIJESUITISMO NO SÉCULO XVIII: uma análise do verbete jésuite da Encyclopédie iluminista

Autores

  • Cézar de Alencar Arnaut de Toledo Universidade Estadual de Maringá
  • Vanessa Campos Mariano Ruckstadter Universidade Estadual de Maringá

Palavras-chave:

Antijesuitismo. Século VIII. Iluminismo.

Resumo

Este texto apresenta uma discussão acerca do sentimento antijesuítico presente no pensamento Iluminista a partir da análise do verbete jésuite da Enciclopédia organizada e dirigida por Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d’Alembert (1717-1783). Nesse verbete se verifica a personificação de ardis, falsidades e mentiras na figura dos membros da Companhia de Jesus. Os pensadores iluministas foram representantes das idéias que no final do século seriam o sustentáculo para a revolução burguesa na França. A Ilustração, entre outras idéias, defendia a laicização do Estado e de todas as suas instituições. Nascida na França, essa corrente foi rapidamente e amplamente difundida por toda a Europa. No tocante à educação formal, o ataque mais direto foi à Companhia de Jesus, Ordem que mais dirigia colégios na Europa naquele momento, e que, por essa razão, ainda exercia forte influência na formação dos quadros da elite européia, além de ter ampla atuação nas colônias Ibéricas. Tão logo foi fundada em 1539, e aprovada pela bula papal Regimini Militantis Ecclesiae, de 1540, a Companhia de Jesus se destacou por sua empreitada educacional. Nesse sentido, o ensino oferecido pelos jesuítas, bem como seu método de ensino, foi amplamente atacado pelos iluministas, dando início a uma vertente designada de antijesutismo. Essa vertente pode ser definida como os sentimentos, conceitos e escritos abertamente contrários à Companhia de Jesus. Teve início com os pregadores protestantes alemães no século XVI, perpassando o lançamento em 1614 da Monita Secreta, do polonês Hieronim Zahorowski, e reforçada no século XVIII quando a Companhia de Jesus foi expulsa do Reino Português (1759) e sua extinta pelo papado em 1773. Foi nesse século que houve na Europa altercações acaloradas, tanto no meio intelectual quanto político, sobre a atuação dos padres jesuítas. Os ataques se intensificaram no século XIX, capitaneados pelos Revolucionários (ou simpatizantes da Revolução) após a Restauração da monarquia na França e pelos positivistas. Ecos do antijesuitismo de extração positivista podem ser encontrados na maior parte dos manuais de história da educação e também na historiografia brasileira. Ao analisar o verbete da Enciclopédia serão consideradas determinações mais amplas, uma vez que a disputa entre esses dois projetos pedagógicos – iluminista e jesuítico - representa a luta pelo domínio na forma de pensar a sociedade, a economia, a política e a cultura nesse século.

Biografia do Autor

Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, Universidade Estadual de Maringá

Doutor em Educação (UNICAMP). Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos da Educação (UEM). Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UEM).

Vanessa Campos Mariano Ruckstadter, Universidade Estadual de Maringá

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (UEM). Professora Assistente do Departamento de Teoria e Prática da Educação (UEM).

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Publicado

2011-07-14

Edição

Seção

Reflexões Acadêmicas